Casamento caipira
- Fravinho (noivo)
- Nhô Bento (pai da Chiquinha)
- Nhá Rita (mãe da Chiquinha)
- Nhô Pedro (pai do Flavinho)
- Nhá Dita (mãe do Flavinho)
- Reginardo – irmão 1 da Chiquinha
- Abelardo – irmão 2 da Chiquinha
- Padre
- Convidados do casamento
(Chiquinha entra e senta num pedaço de tronco de árvore)
NARRADOR – Todas tarde a Chiquinha se assentava pra ouvir os passarinho cantá.
(Sonoplastia: canto de passarinhos)
NARRADOR – Por ali também morava o Fravinho.
(Entra o Fravinho)
NARRADOR – Todas tarde o Fravinho vinha e se assentava pra ouvir... A Chiquinha suspirá.
CHIQUINHA – (suspira) Ai, ai.
NARRADOR – Suspira de cá, suspira de lá...
CHIQUINHA – (suspira) Ai, ai...
FRAVINHO – (suspira) Ai, ai...
NARRADOR – (suspira)... Ai, ai – até que um dia de tanto suspira...
(Os dois aproximam o rosto um do outro)
CHIQUINHA – (suspira) Ai, ai...
FRAVINHO – (suspira) Ai, ai...
NARRADOR - ... Os dois acabaram por se beijá.
(Flavinho beija o rosto de Chiquinha, que fica com vergonha e ri)
CHIQUINHA – (ri envergonhada)
NARRADOR – Nessa hora por ali passava o Nhô Bento, pai da Chiquinha, que viu tudo.
NHÔ BENTO – Eu vi tudo!
(Chiquinha e Flavinho se levantam na hora)
CHIQUINHA – Papai!
FRAVINHO – (com medo) Nhô Bento!
NHÔ BENTO – Se bejô tem que casá.
NARRADOR – Nhô Bento era um homi muito dos bravu. O Fravinho inda tentô argumentá:
FRAVINHO – Chiquinha: exprica pro seu pai. Foi sem querer...
NARRADOR – E a Chiquinha respondeu:
CHIQUINHA – Vai sê um casório muitu du bunitu.
NHÔ BENTO – Vá si embora se arrumá que eu vô arrumá a noiva!
FRAVINHO – Ai, ai, ai, ai, ai, ai.
(Nhô Bento carrega Chiquinha pelo braço - vão saindo)
CHIQUINHA – Tchar Fravinho! (manda beijo)
NHÔ BENTO – Bejá é só despois do casamento, minina!
CHIQUINHA – Ô pai...
NARRADOR – O Fravinho ficô desesperado. E foi fala co'a sua mãe.
(Flavinho vai até um dos cantos do palco = sua casa. Chama a mãe)
FRAVINHO – Mãe! Mãe! Acode mãe!
(a mãe sai correndo de casa preocupada)
NHÁ DITA – O que foi meu fio? Onde que te mordeu?
FRAVINHO – Mordeu o que, mãe?
NHÁ DITA – A cobra, meu fio.
FRAVINHO – Não é cobra não, mãe.
NHÁ DITA – Então é onça.
FRAVINHO – Nada disso, mãe. É o Nhô Bento: só porque ele me viu beijando a Chiquinha agora ele qué que eu mi case co ela.
NHÁ DITA – (espantada) O que ce ta mi contano, meu fio?
FRAVINHO – É issu memo, mãe.
NARRADOR – O Fravinho tinha certeza que a mãe ia defendê ele do Nhô Bento.
NHÁ DITA – (séria) Meu fio.
FRAVINHO – O que, mãe?
NHÁ DITA – Meu fio!
FRAVINHO – O que, mãe?
NHÁ DITA – (abraça o filho) Parabéns, meu fio!
NHÔ PEDRO – (entrando) O qui que ta contecendo aqui?
FRAVINHO – Pai: só porque o Nhô Bento me viu beijando a Chiquinha agora ele qué que eu mi case co'ela.
NHÔ PEDRO – Então é issu?
FRAVINHO – É, pai.
NHÔ PEDRO – Ele qué ti obriga?
FRAVINHO – Qué sim, pai.
NHÔ PEDRO – Pois saiba que ele não pode te obrigá a fazê nada!
FRAVINHO – (feliz) Isso, pai!
NHÔ PEDRO – O Nhô Bento não pode te obrigá a casá!
FRAVINHO – Isso memo!
NHÔ PEDRO – Mas eu posso! Dita: prepara a roupa do noivo!
FRAVINHO – Mas pai...
(Nhá Dita segura o filho pelo braço e os 3 vão saindo)
NHÁ DITA – Cê vai dá um noivo danadu de bunitu, meu fio.
NARRADOR – O casamento foi marcado, estava tudo arranjado. A noiva chegou primeira e estava uma formosura.
(Entra a Chiquinha vestida de noiva com Nhô Bento, Nhá Rita – sua mãe, e seus 2 irmãos. Música.)
NARRADOR – O padre chegou logo depois.
PADRE – (entra) E cadê o noivo?
CHIQUINHA – (feliz) Já ele aparece.
NARRADOR – Demorou um pouco, e o noivo apareceu. Veio trazido pelo pai, o Nhô Pedro.
(Entram Flavinho, Nhô Pedro e Nhá Dita e cumprimentam a família da Chiquinha com a cabeça e também o padre. Flavinho vem meio contragosto).
FRAVINHO – Oi Chiquinha. Ocê ta bunita...
PADRE – Silêncio! Vamu cumeçá esse casório. Nóis estemos aqui reunidos pruque...
(Enquanto o padre fala Flavinho se abaixa e tenta sair escondido do casamento. O primeiro a ver é o sogro)
NHÔ BENTO – O noivo ta fugino! Pega o noivo!
(Os dois irmãos de Chiquinha correm, pegam Flavinho e o levam de volta até o altar)
FRAVINHO – Socorro! Socorro!
PADRE – Será que agora nóis podi cumeçá? Nóis tamo aqui reunidu pra casá esses dois...
(De novo Flavinho tenta escapar)
NHÁ RITA – O noivo fugiu!
(Os dois irmãos de Chiquinha vão buscar o noivo e o levam arrastado até o altar)
PADRE – (limpa a garganta) Pudemu continuá? Vamu casá Chiquinha cum Fravinho. Chiquinha: ocê aceita o Fravinho como seu esposo?
CHIQUINHA – (apaixonada) Aceito!
PADRE – E ocê, Fravinho: aceita a Chiquinha como esposa?
FRAVINHO – Pode dá resposta até quando?
NHÔ PEDRO – Agora!
NHÁ DITA – Óia bem nos zoinho dela, Fravinho. Ela é tão bunitinha...
(Flavinho olha e Chiquinha pisca os dois olhos várias vezes)
FRAVINHO – Bem...
PADRE – Aceita?
(Chiquinha engancha no braço do Flavinho, deita sua cabeça no ombro dele e lhe dá um grande sorriso)
FRAVINHO – Aceito.
TODOS – Viva! Viva!
PADRE – Agora pode beijá a noiva.
(Os dois se beijam.)
TODOS – Viva! Viva!
FRAVINHO – (com cara de maroto) Gostei. De novo.
(Os dois se beijam de novo)
TODOS – Êêêêê!
NARRADOR – E agora vamu dança e cume a noite inteira. Vamu lá!
(A música aumenta. Dança dos convidados do casamento)
F i m
OBSERVAÇÃO – Todos falam como caipiras, inclusive o narrador. Apresentamos algumas sugestões de cenários que podem ser substituídos de acordo com as possibilidades do local de apresentação.
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